FOMO (Fear Of Missing Out): O Que É, Como Identificar e Como Dar a Volta Por Cima
Já te aconteceu estar a ver as redes sociais, tranquilo(a), e de repente aparece uma foto daquela festa em que não foste ou daquela viagem espectacular que alguém fez? O teu coração aperta, a cabeça começa a pensar “mas porque não fui eu?”, e antes que te apercebas já estás a afundar no mar do FOMO – o famoso medo de estar a perder alguma coisa.
Não te preocupes, não és só tu. O FOMO é uma epidemia moderna, alimentada pelas redes sociais, mas não exclusiva do mundo virtual, muitas vezes é também facilmente reconhecida no nosso dia-a-dia.
Estás a saborear um jantar incrível, com o vinho perfeito a acompanhar. A tua barriga já está a dar sinais de que vais precisar de um sofá (ou uma sesta) para sobreviver. Mas, de repente, aparece alguém com uma bandeja de sobremesas gourmet e mais uma garrafa de vinho. Lá está o FOMO a gritar: “Vais mesmo perder esta oportunidade?” Resultado? Dizes "sim", ignoras os teus limites e acabas a rebolar de tão cheio, enquanto a tua noite perfeita se transforma num festival de desconforto.
Outra? Tens um jantar com amigos que já planeaste há semanas, mas também foste convidado para uma festa na mesma noite. Em vez de escolheres, tentas dividir-te: sais cedo do jantar para ir à festa, mas não aproveitas nenhum dos dois a 100%. Lá no fundo, sentes que acabaste por perder nas duas frentes. Tudo por causa daquele medo de ficar de fora.
O Que É o FOMO?
O FOMO, ou Fear of Missing Out, é o receio de perder experiências, oportunidades ou momentos que achas que vão melhorar a tua vida de alguma forma. É aquela sensação de que, se não fores, disseres "não" ou ficares de fora, estás a perder algo irrecuperável. Alimentado pelas redes sociais, pela nossa constante comparação com os outros, ou por exoeriências do passado, o FOMO não só rouba o teu foco como também desgasta a tua energia emocional e física.
Em termos simples, é a tua mente a dizer:
- “Por que não fui convidado(a) para aquele evento?”
- “Se não participar, será que vou ficar para trás?”
- “Será que toda a gente está a divertir-se mais do que eu?”
- "Não sei se vou ter outra oportunidade de viver esta situação."
Na prática, é a combinação de comparação social e medo de exclusão, embrulhados num pacote de angústia. Mas pode também ser um sintoma de uma marca do passado em que sentimos que não usufruímos tudo aquilo que era suposto e então no presente queremos aproveitar tudo em excesso.
No entanto, esta postura perante a vida acaba por nos fazer perder ainda mais experiências porque não usufruímos na totalidade de cada experiência que vivenciamos e assim se vai alimentando o ciclo do FOMO.
Como Identificar o FOMO
Existem várias situações que nos permitem identificar quando somos vitimas do FOMO... Geralmente as pessoas à nossa volta são os primeiros em identificar essa necessidade de viver tudo ao mesmo tempo, mas com alguma prática também é possível fazermos o diagnóstico a nós mesmos. Vê se te identificas com algumas das situações.
- Ansiedade por não participar em eventos, mesmo que estejas cansado ou indisposto.
- Dificuldade em dizer “não”, mesmo quando já tens tudo planeado.
- Planear em excesso e de forma irrealista para estar em todo o lado, mesmo que tenhas a consciência de que não é possível fazer tudo.
- Sensação de arrependimento por teres escolhido uma coisa e perdido outra.
- Incapacidade em relaxar, mesmo em momentos de descanso, tens a sensação de que devias estar a fazer outra coisa.
- Frustração e irritabilidade quando sentes que podias ter feito mais alguma coisa ou que as outras pessoas têm vidas mais interessantes que a tua.
- Falta de empatia pelos outros e dificuldade em reconhecer que os outros podem não querer fazer alguma coisa porque na tua cabeça ninguém quer deixar de experienciar algo.
- Fazer escolhas baseadas no medo, e não nos teus desejos, como participar em eventos, comprar coisas ou tomar decisões apenas porque tens medo de estar a perder algo.
Como Dar a Volta ao FOMO
A boa notícia é que o FOMO não tem de mandar em ti. Com um pouco de introspeção e prática, podes ganhar controlo e viver mais tranquilo(a).
1. Reconhece que não podes estar em todo o lado.
A sério, mesmo que te clones, não consegues estar em todas as festas, jantares, viagens e projetos. E se o fizeres outros aspectos da tua vida vão começar a ser prejudicados, como a tua vida pessoal. Aceita que está tudo bem em não fazer tudo. Aproveita as tuas escolhas e aceita-as.
2. Desliga-te (literalmente).
Passa menos tempo nas redes sociais. Faz um detox digital por algumas horas ou até um dia. Vais perceber que o mundo continua a girar sem ti online. Já para não dizer que na maioria das vezes o que vês nas redes sociais é uma versão embelezada da vida dos outros.
3. Foca-te no que já tens.
Pratica a gratidão. Faz uma lista das coisas boas da tua vida neste momento. Isso ajuda-te a perceber que não estás a “perder” tanto quanto pensas. Vais ver que tens muito mais para agradecer do que imaginas.
4. Investe no que realmente importa.
Em vez de seguir o que “parece” interessante, faz escolhas alinhadas com os teus valores e objetivos. Não ajas por impulso.
5. Aprende a dizer “não” sem culpa.
Nem todos os convites merecem um “sim”. Escolhe qualidade em vez de quantidade nas tuas interações sociais.
6. Cria momentos significativos por ti mesmo(a).
Não tens de esperar por eventos grandiosos para te sentires bem. Coisas simples, como um jantar especial em casa ou um passeio no parque, podem ser tão gratificantes quanto uma grande festa.
7. Pratica o “JOMO” – Joy Of Missing Out.
Sim, existe o oposto do FOMO! É a alegria de dizer “não” e de saber que às vezes o melhor que podes fazer é simplesmente relaxar.
Exemplo Prático do JOMO em Ação
Na próxima vez que acabares um jantar maravilhoso e alguém aparecer com mais vinho e sobremesas, pergunta-te: “Será que isto é mesmo necessário agora?” Se não for, aproveita o momento que já tiveste e deixa a sobremesa para outro dia.
Ou quando tiveres dois planos na mesma noite, escolhe um e compromete-te a aproveitá-lo ao máximo. Imagina o alívio de não teres de olhar para o relógio o tempo todo, tentando correr para outro sítio. Isso é o JOMO em ação: libertar-te de expectativas irrealistas e saborear o presente.
Ou ainda, se tiveste uma saída com amigos espectacular, mas o teu FOMO impedir-te de dar a noite por terminada e obrigar-te a ir a mais aquele bar e depois aquela discoteca e depois ainda aquele after pára e pensa. será que vale mesmo a pena, será que isto não vai impactar negativamente no meu dia seguinte e impedir-me realmente de fazer outras coisas que gosto e que queria fazer? E será que todo o grupo de amigos também quer fazer tudo isso ou estás simplesmente a impôr-te?
Conclusão
O FOMO pode ser uma força poderosa, mas não precisa de controlar a tua vida. Com o JOMO, tens a oportunidade de reescrever a tua narrativa, escolher com intenção e aproveitar o que faz sentido para ti. A vida não é sobre fazer tudo, mas sim sobre viver o que realmente importa. Então, da próxima vez que o FOMO aparecer, lembra-te: menos é mais, e missing out pode ser a melhor escolha.
Afinal, não és o que perdes. És o que escolhes aproveitar. Então, solta o telemóvel, dá uma gargalhada com os teus amigos, aproveita um momento a sós com um bom livro, desenvolve um hobby ou vai dar um passeio com alguém especial, abraça as tuas escolhas e aproveita-as sem ter que experienciar tudo ao mesmo tempo e de todas as maneiras. Isso é o que conta. 😉
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