E Se Eu Escolher Mal? Como Tomar Decisões Difíceis Sem Entrar em Pânico
Tomar decisões difíceis é uma arte, uma ciência e, muitas vezes, um exercício de paciência (ou de dramatismo digno de novela mexicana). Seja uma mudança de carreira, o fim de uma relação ou aquele dilema existencial de “vou ou fico?”, há formas de navegar estas águas turbulentas com um pouco mais de clareza — e, quem sabe, até algum humor.
Neste artigo, exploramos ferramentas da psicologia clínica, desenvolvimento pessoal e coaching para te ajudar a decidir com mais confiança.
1. O Peso da Decisão: Por Que é Tão Difícil Escolher?
Decidir implica responsabilidade, e isso pode causar medo. O nosso cérebro é programado para evitar riscos — e tomar uma decisão é um risco.
Segundo a Teoria da Decisão em psicologia, o cérebro avalia as opções com base em recompensas futuras e consequências negativas. O problema é que ele também é influenciado por experiências passadas, emoções e crenças limitadoras.
Exemplo real: imagina que estás num emprego estável, mas infeliz. Surge uma proposta para algo novo, mas incerto. A tua mente pensa logo: “E se falhar?” ou “E se não for tão seguro como isto?”. Resultado: ficas parado… por medo.
2. Ferramenta: A Técnica das 3 Cadeiras
Esta técnica ajuda a explorar três perspetivas:
- Cadeira da razão: quais são os factos? O que sei objetivamente sobre esta decisão?
- Cadeira da emoção: como me sinto em relação a cada opção?
- Cadeira da intuição: se eu tivesse de escolher agora, sem pensar demais, qual seria a minha escolha?
Como aplicar: senta-te fisicamente em três cadeiras diferentes. Em cada uma, responde às questões acima. Depois, observa o que mudou no teu corpo, na tua voz e nas tuas respostas.
Dica extra: dá nomes às cadeiras — pode tornar o exercício mais divertido. (A razão pode ser a “Senhora Excel”, a emoção pode ser a “Dona Drama”, e a intuição o “Mestre Jedi”).
3. Ferramenta: A Roda da Vida
Esta ferramenta clássica ajuda-te a perceber o impacto da tua decisão em várias áreas da vida: carreira, saúde, finanças, amor, crescimento pessoal, entre outras.
Como aplicar: desenha um círculo dividido em fatias. Em cada uma, dá uma nota de 0 a 10 ao teu nível de satisfação atual. Depois, avalia como cada decisão poderá influenciar esses níveis.
Exemplo prático: sair de uma relação pode melhorar a tua saúde emocional e vida social, mas impactar o teu equilíbrio financeiro. Saber isso ajuda-te a preparar melhor o processo.
4. Ferramenta: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A TCC ensina-nos a identificar distorções cognitivas — pensamentos automáticos negativos que influenciam as nossas decisões.
Exemplos comuns:
- “Nunca vou encontrar outro emprego como este.” (Catastrofização)
- “Se eu escolher mal, vou arruinar tudo.” (Pensamento tudo-ou-nada)
Como aplicar: escreve os teus medos e questiona-os com estas perguntas:
- Isto é 100% verdade?
- Há provas contrárias?
- Qual seria a pior coisa que podia acontecer… e como lidaria com isso?
5. Ferramenta: Visualização Criativa
A visualização é uma técnica poderosa usada no coaching e na psicologia positiva.
Como aplicar: fecha os olhos e imagina-te daqui a 6 meses ou 1 ano após cada uma das escolhas possíveis. Como estás? Onde estás? Como te sentes?
O cenário que te transmite mais paz, entusiasmo ou leveza pode ser um bom indicador.
Exemplo real: quando Mariana visualizou continuar no emprego atual, sentiu tensão no corpo. Quando visualizou aceitar a nova proposta, sentiu leveza. Foi o sinal que precisava.
6. E os Relacionamentos? Decidir Entre o Amor e o Amor-Próprio
Tomar decisões em relações amorosas ou de amizade pode ser ainda mais desafiador. Há sentimentos, memórias, histórias partilhadas. Mas há também a tua sanidade emocional.
Ferramenta: Lista de valores pessoais
Como aplicar: escreve os teus 5 principais valores (ex: liberdade, lealdade, alegria, respeito, autenticidade). Agora pergunta: esta relação está alinhada com esses valores?
Exemplo: Se valorizas liberdade, mas estás numa relação onde és constantemente controlado ou julgado, isso é um alerta.
7. E Se Me Arrepender?
A verdade? É possível que te arrependas. Mas também é possível que fiques orgulhoso da coragem que tiveste. Não há garantias — há decisões alinhadas com o que sabes e sentes agora.
Ferramenta: Compromisso com a versão futura de ti
Escreve uma carta para o teu “eu do futuro” a explicar por que estás a tomar esta decisão. Lembra-lhe o que sabes hoje e como queres sentir-te amanhã.
Conclusão: Decidir é um Ato de Coragem (e de Autenticidade)
Tomar decisões difíceis é escolher viver de forma ativa, não em piloto automático. É ouvir o que te incomoda e respeitar o que precisas.
Não existe um caminho “certo” garantido — existe aquele que é mais coerente com quem tu és neste momento da tua vida.
Partilha este artigo com quem está na dúvida entre ir, ficar ou mudar de rota. Pode ser o empurrão que faltava.