A Ilusão da Autenticidade: Ser Verdadeiro ou Apenas Confortável?
Imagina esta cena: estás numa reunião com amigos e todos estão a falar do último documentário da moda sobre minimalismo. Tu nem o viste, mas começas a acenar com a cabeça como se fosses o maior expert em Marie Kondo. Porquê? Porque é mais fácil concordares e pareceres “cool” do que dizeres a verdade: que passaste a noite a fazer binge-watching daquela série de reality shows péssima, mas tão viciante.
E aqui entramos no tema de hoje: ser autêntico. Ou pelo menos, pensar que o somos. A verdade é que muitas vezes estamos tão ocupados a tentar parecer autênticos que acabamos por ser... confortáveis. Sim, há uma grande diferença entre ser genuíno e ser apenas conveniente. Vamos desmontar isso.
Afinal, o que é ser autêntico?
Autenticidade é aquela qualidade espetacular de seres tu próprio sem filtros, sem floreados e sem o “deixa-me-ver-se-está-tudo-certo-antes-de-publicar”. É quando as tuas ações estão alinhadas com os teus valores, quando não dizes “sim” só para agradar e quando não inventas desculpas esfarrapadas para fugir ao desconforto.
Mas, atenção: ser autêntico não é ser impulsivo, mal-educado ou achar que toda a gente tem de levar com a tua “verdade” sem filtros. Isso é só falta de noção. Ser autêntico é ter coragem para dizer “não”, assumir o que realmente gostas e não te desculpares por isso.
Conforto ou Autenticidade: Como Saber a Diferença?
- Confortável: Vais àquele jantar com colegas de trabalho, ris das piadas sem graça do chefe e finges que adoras comida vegan, mesmo que só penses num hambúrguer suculento.
- Autêntico: Dizes que preferes não ir porque estás estoirado, ou então vais, mas pedes o teu hambúrguer sem vergonha e sem desculpas.
Outro exemplo:
- Confortável: Publicas no Instagram uma selfie a fazer yoga para pareceres zen, mesmo que não consigas sequer tocar nos dedos dos pés.
- Autêntico: Admites que não fazes yoga há meses, mas que estás a pensar voltar. Ou não. Porque, verdade seja dita, preferes correr, dançar ou ver séries no sofá.
Então, como quebrar o ciclo do “confortavelmente falso”?
- Identifica os teus valores: O que realmente importa para ti? Escreve três coisas que valorizas na tua vida e pergunta-te: as tuas ações diárias estão alinhadas com esses valores?
- Pratica o desconforto: Experimenta dizer “não” sem justificações mirabolantes. Vais ficar desconfortável, mas também vais perceber quem realmente te respeita.
- Questiona os teus comportamentos: Estás a fazer aquilo porque queres ou porque achas que os outros esperam que o faças?
- Aprende a rir de ti próprio: Autenticidade também é admitir as tuas falhas sem drama. Exemplo: “Sim, continuo a ver reality shows péssimos. E então? É o meu guilty pleasure e não me vou desculpar por isso.”
- Define a tua autenticidade em ação: Não é só uma questão de dizer “sou autêntico”. É mais sobre agir em alinhamento com quem realmente és. E, spoiler alert: isso muda com o tempo. E está tudo bem.
Conclusão: Ser autêntico não é fácil. Dá trabalho. Implica confrontares-te a ti mesmo e, por vezes, confrontares os outros. Mas a alternativa — viver eternamente numa bolha confortável de falsidade — custa muito mais a longo prazo.
E tu? Estás a ser verdadeiro ou apenas confortável?